Davi voltou para casa. Ele chamava de casa, mas era apenas o dormitório para internos separado do campus, localizado em um bairro não muito afastado do centro. Casa mesmo Davi havia se esquecido de como era.

Passava das dez da noite, e Davi estava mais do que acordado, rabiscando desenhos incertos no tablet quando Morgana ligou novamente.

- Oi. – A voz dela soou hesitante do outro lado. – Tá bravo?

- Não. Mas estou triste.

- Me desculpa. Eu acordei atrasada, e tão logo eu levantei eu liguei para você, mas como você não atendeu...

- Você deveria ter vindo nos encontrar então. – Davi disse com outro suspiro profundo.

- Eu ia, mas eu passei o dia com meu pai. – Morgana disse, e Davi conseguia até ver a expressão dela, culpa por ter deixado Davi, mas certa animação por causa do pai, o que Davi não entendia, porque Morgana nunca falava da família, e da primeira e última vez que ela falou sobre foi cheia de ressentimento.

- Seu pai?

- É!

- Não achei que vocês se davam bem.

- Bem, a gente não se dava mal... Ele era distante, mas acho que é coisa de militar. – Morgana disse deixando escapar uma risada tímida, Davi quase sorriu também. – Bem eu não me dou é com minha mãe, você sabe.

- Eu sei.

Morgana havia contado Davi como ela havia precisado argumentar pra convencer a mãe dela a deixa-la entrar na Setemptrionalem, e como a última palavra tinha sido do “General”, e ele havia dado a ela a permissão.

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Pensando nisso foi que Davi percebeu que não sabia a idade de Morgana.

- Quando é seu aniversário? – Ele perguntou e Morgana riu de novo.

- Nossa que sutil... Em agosto minha existência terá duas décadas.

Davi se levantou com um sobressalto derrubando o tablet do seu colo.

- Você é de leão?!

Morgana riu, e quando estava quase sem fôlego desejou a Davi bons sonhos e prometeu encontra-lo pro jogo do dia seguinte.

Davi estava mais leve em ter notícias da amiga, saber que ela estava bem, mas a sensação no seu peito não havia passado completamente, e ele teria mais uma noite insone pra passar.

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No dia seguinte, quando encontrou Morgana no ponto de encontro, Davi sorriu aliviado. A amiga estava vestindo no mesmo estilo que na segunda, ele ainda a preferia em tons escuros, mas Morgana em azul-bebê parecia mais confortável, menos ameaçadora, e fazia Davi se lembrar de que ela era atualmente quatro anos mais nova que ele.

Cadê Pedro? Ela queria perguntar, mas se o outro rapaz não estava acompanhando Davi, ela pensou que era melhor não dizer nada.

- Que bom te ver! Você parece mais animada que de costume.

- Isso quer dizer que normalmente eu pareço “emo, gótica, a vida me fez rockeira”? – Morgana brincou.

- Sim! – Davi riu com gosto.

- Acho que ter meu pai por perto me deixou menos rancorosa.

- Hmhm. – Davi acenou com a cabeça dando o braço a Morgana. – Quer saber a programação de hoje?

Morgana agarrou-se ao braço do amigo, a outra mão segurando seu caderno de anotações. Davi falava sobre a competição do dia com

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