Capítulos (1 de 50) 06 Feb, 2021

Capítulo 13 - Interlúdio

Pedro vacilava, conversar ou não com aquela garota. Davi estava ausente, e agora era a oportunidade perfeita para discutir o que ele precisava com Morgana sem a interferência do amigo. Mas talvez não fosse boa ideia.

Ainda assim ele se viu em frente à garota sentada no Refeitório numa mesa próxima às janelas. Respirando fundo ele tentou:

- Bom dia.

Morgana, que estava entretida com um caderno de capa vermelha, olhou sobressaltada para o rapaz. Pedro nunca havia sido particularmente civil quando se dirigia a ela, o que era recíproco, assim era difícil de entender o que estava acontecendo.

- Bom dia?

- Eu poderia me sentar? – Pedro perguntou, cada segundo mais exasperado. A vontade de dar meia volta quase maior que seu plano inicial.

- Pode?

- Para alguém supostamente genial, você é bem lerda às vezes. – Pedro desferiu, não intencionalmente... não muito, mas Morgana não estava tentando responde-lo de forma adequada.

- Perdão. – Morgana continuou a encarar Pedro ainda confusa. – Bom dia Pedro. Por favor sente-se.

Com Pedro sentado à sua frente, o silencio se prolongou por o que pareciam ser horas, e, como o rapaz não fez menção de iniciar a conversa, Morgana se voltou para seu almoço e anotações.

- Como, como foi a aula? Pela manhã? – A voz do rapaz soou incerta.

- Métodos de conjuração, nada que você possa se interessar eu suponho. – Morgana respondeu sem levantar os olhos do caderno.

- O que isso quer dizer? – Pedro rebateu. – Que eu não sou ‘oh! Tão inteligente’ como você?

Isso pareceu despertar o interesse da garota mais nova. Olhos caramelos, quase isentos de emoção se não fosse pelo brilho 

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maquiavélico que Pedro reconhecia, encararam os olhos verdes brilhantes do rapaz.

- Eu ‘quis dizer’. – Morgana disse arqueando uma sobrancelha e arrastando as pausas entre as palavras. – Que ‘elementalistas’, como você, não necessitam de conjurações para utilizar seus poderes, e eu, sabendo de sua competência nas disciplinas de habilidades e treinamento físico, deduzi que uma disciplina de abstração não seria do seu interesse.

- E com toda a sua inteligência... – Pedro contrapôs no mesmo tom. – Você não ‘deduziu’ que eu podia ter interesses extracurriculares, como você possui em estudos alquímicos?

- Não. – Morgana respondeu simples, dando de ombros.

- Você me irrita. – Pedro disse ainda mais irritado.

- Eu me esforço! – Morgana rebateu a voz com uma entonação mais leve e matreira do que Pedro estava acostumado. – Ainda assim, não foi minha intenção desmerecer sua inteligência.

- De verdade? – Pedro encarou a garota, esperando que ela respondesse com alguma tirada sarcástica, como sempre.

- Sim.

- O que você está tramando? – Pedro estava ficando desconfiado.

- Eu que pergunto, o que você está tramando? Você nunca conversa comigo por livre vontade, não faz nenhum esforço para interpretar o que digo, e sempre age como se eu o estivesse atacando.

- Você me chamou de chaveirinho, pulga, e outras denominações com intenção de me humilhar, logo você a ‘senhora toda justa das causas sociais’.

Por um instante, curto, mas presente, Pedro sentiu medo pela sua vida. Morgana fechou o caderno, passou a mão pelos cabelos, com o cenho franzido, ela respirou fundo e disse a coisa mais chocante em todos os meses de interação entre os dois:

- Você está certo. – Ela disse com firmeza. – Me desculpe.

Pedro congelou, não ousando piscar e se encontrar ainda na entrada do refeitório tendo imaginado tudo o que estava acontecendo.

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