Capítulos (1 de 1) 03 May, 2018

Capítulo 1

 “Caminhei muitos quilômetros até que deixasse de duvidar que realmente tinha pernas. Cumprimentei muitos até que me desse conta de que não precisava mais duvidar da existência de meus braços. Vi muito sofrimento, muita caridade, muita beleza, até que eu percebesse que não precisava duvidar da existência de meus olhos. Vivi demais, conheci a tantos por aí, que cheguei a nem mesmo duvidar mais da minha própria existência. Confiei demais a ponto”. Citação incompleta encontrada por Charles num pequeno pedaço de papel jogado no chão de um ônibus.

A princípio, ele refletiu muito sobre a continuação daquele escrito inacabado, ou ainda, quem seria seu autor. E passou todo o caminho pensando em como completaria aquele trecho. – “Confiei demais a ponto de que não precisasse mais duvidar da existência das minhas palavras?” – “Confiei demais a ponto de que não precisasse mais duvidar da existência de alguém que confia em mim?” ..., porém, nenhuma daquelas era realmente satisfatória.

Charles estava indo a caminho da USC, onde fazia Filosofia e se interessava muito por escritos e pensamentos deste tipo. Pois então, tinha esperança de que seu professor pudesse o ajudar com tal tema.

Logo após a aula, Charles abordou ao seu professor e demonstrou o escrito. E surpreendeu-se com a resposta inesperada de seu superior: “Interessante. Porém, deve ser provavelmente um escrito de um cristão ou religioso tentando justificar sua crença em Deus.” Após aproximar-se de Charles, completa: “Meu amigo, o conselho que te dou é: não perca tempo com essas bobagens.

A princípio decepcionado, Charles guarda aquele manuscrito em sua mala, e parte para a aula subsequente. A realidade é que aquela frase do professor preencheu sua mente, mas ainda assim, aquela dúvida ainda pendurava a sua razão.

A noite, ao chegar em casa, ele resolve sentar-se para assistir um pouco de televisão: “Mortes misteriosas na cidade de São Francisco levantam suspeitas aos policiais e detetives, e elas estão aumentando cada vez mais. ‘As investigações apontam que elas não estão relacionadas com roubos, pois os pertences das vítimas são mantidos, observamos isso em praticamente todos os casos.’ – Diz o detetive John.” Ele então muda para um canal de desenhos animados.

Ao dia seguinte, Charles havia aparentemente se esquecido daquele manuscrito que no dia anterior havia lhe causado tamanha comoção. E então, sem que nem ao menos percebesse, voltou a sua rotina comum de trabalho e estudos.

O chefe de Charles era um homem que empunhava muito respeito, afinal, ele era um empresário milionário, de extremo sucesso, reputação e fama no estado da Califórnia. Ao dia anterior, Charles foi chamado até a sala de comissão para que pudesse conversar sobre alguns assuntos com o empresário. Charles naquela empresa era um Coordenador, o tal, que averiguava a condição e empenho de todos os prédios administrativos e locais de coleta de petróleo que representavam o nome da empresa.

A princípio, parecia ser apenas uma entrega dos relatórios de Charles, mas então, o presidente começou a tocar em alguns outros assuntos que fugiam um pouco do foco da reunião. Ele disse: “Coordenador Charles, ou melhor dizendo, meu amigo Charles. Tome cuidado com as coisas que estão prestes a acontecer neste país. Eles estão agindo por todo mundo, e estamos sofrendo impactos. Eu creio que você é um homem muito inteligente para que possa cair tão facilmente, mas não seja pego desprevenido. Saiba que...” – Charles não levou muito a sério a princípio a conversa que teve com seu presidente, mas guardou em seu peito uma frase que nunca iria esquecer em sua vida.

Ao chegar em seu trabalho naquele dia, ele se deparou com os funcionários indo embora. Ele não pôde entender, não era possível que a sede de uma das maiores empresas petrolíferas do mundo fosse fechada por um dia. Então ele resolveu perguntar a um dos funcionários o que estava havendo. Ao perguntar a um que saia com a cabeça baixa assustou-se com a tenebrosa resposta: “o presidente está morto.”

“O presidente está morto”, ao ouvir essas palavras Charles corre a lanchonete mais próxima, onde costumava almoçar, pois lá havia uma televisão, e então ao assistir a noticia ele cai de joelhos: “O presidente Thomas Bardo faleceu hoje, no dia 5 de março, às 7h00 da manhã em caminho a seu escritório. As causas de sua morte são desconhecidas.” E então, Charles lembrou-se daquelas palavras. “[...] saiba que o começo do fim da humanidade iniciou-se, não sei quem irá primeiro. Mas saiba que todos irão.

Todos aqueles que eram oficiais na empresa foram chamados ao funeral do presidente. Foi um momento de extrema tristeza dos familiares. No entanto, Charles assustou-se ao notar a séria expressão no rosto de seu filho, e então sucessor da empresa, Albert Bardo, que então, era testemunha do assassinato de seu pai. “O qual dizia que seu pai havia aparentemente desmaiado por conta da idade e problemas de saúde, mas então ele percebeu que na verdade, Thomas havia morrido e não estava simplesmente desacordado. Os detetives não acreditaram completamente na versão, mas por ser a única testemunha, o caso foi considerado como encerrado.” – Capa do Los Angeles Times do dia 6 de março.

Logo no dia 6 de março:

- Albert assumiu a liderança da empresa, e começou a tomar decisões que iam completamente em contraste com os feitos de seu pai. 50% de toda riqueza da empresa foi movida a uma empresa secundária desconhecida, não revelada por ele. – Comentava um amigo com outro.

- Ah, eu gostava muito dos discursos de Thomas, dava vontade de segui-lo mesmo, por mais que fosse uma empresa de petróleo. Queria tê-lo de volta. – Respondia o outro.

- INFELIZMENTE MORTOS NÃO VOLTAM A VIDA!!! – Exclamou absurdamente um homem que aparentemente usava algumas maquiagens muito exageradas. – OU ASSIM DEVERIA SER! HAHAHAHA

- VOCÊS JÁ OUVIRAM FALAR DO ELIXIR DA VIDA ETERNA?! SÓ PRECISAMOS DE UMA PEDRINHA E PUFT! – O estranho homem se aproxima deles - QUALQUER UM RETORNA A VIDA, NINGUÉM MORRE! HAHAHAHAHAAHAHA

 Os dois amigos saem daquela mesa e vão para longe. Um deles diz “Cara, é cada uma que aparece...”, já o outro concorda: “Parece que ele é um louco.” Não se surpreenderam ao olhar para trás e ver o mesmo homem exclamando em outra mesa coisas “completamente sem sentido”.

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