Capítulos (1 de 19) 23 Jul, 2019
Um encontro predestinado - parte 1
O aventureiro sente algo pontudo cutucando o seu peito, ao abrir os olhos e retirar a coberta que o cobre ele vê o objeto, trata-se dos chifres espirais de sua querida esposa. O aventureiro faz um cafuné na esposa e sai da cama, lava o rosto na pia do banheiro, depois abre o guarda-roupa e arruma-se para partir em mais uma aventurar. Entretanto, antes que pudesse puxar a maçaneta da porta, uma argola de luz dourada surge em seu pescoço e o arrasta de volta para a cama.
? Vamos brincar mais um pouco ? Disse sua esposa, um pouco sonolenta. ? Ainda é cedo para partir amor.
O aventureiro consegue retirar a argola com as próprias mãos ? Argh! Desculpe querida, ainda há muitas aventuras esperando por mim lá fora. Por que não vem comigo dessa vez? Vai ser legal, eu prometo.
A mulher de chifres parece ficar irritada com a proposta e diz ? Enfrentar um bando de monstros xexelentos dentro de uma masmorra escura e fedida?! Não, valeu, eu prefiro ficar deitadinha bem aqui.
? Os seus pais disseram a mesma coisa sobre mim ? O aventureiro se aproxima da sua esposa, com um sorriso pretensioso no rosto. ? E mesmo assim você insistiu em casar com este monstro xexelento.
A mulher agarra o pescoço do marido ? Eu nunca largaria o monstro que roubou meu coração ? Em seguida, ela o beija.
? Desse jeito eu vou acabar desistindo.
? É esse o meu objetivo.
O aventureiro se levanta da cama.
? Prometo voltar o mais rápido possível. É uma masmorra curta que ainda não foi explorada, deve levar no máximo uns nove dias.
? Tempo demais! ? A esposa cria outra argola, porém dessa vez o aventureiro consegue desviar e sai correndo do quarto.
Após uma longa viagem o aventureiro enfim chega ao seu destino.
Ainda não sei porque Elisa insistiu em me dar uma missão de mapeamento, isso não faz nem um pouco o meu estilo. No entanto, essa região, a floresta de carvalhos negros onde reside a masmorra, ela tem uma bela história de trapaça.
Se não me falha a memória, tudo começou com o príncipe Otavio, o arrogante, mimado e inútil príncipe de Zerdorm, também conhecido como o príncipe grilo, tal alcunha lhe foi dada por causa do seu porte físico. O príncipe adorava sair à noite para gastar o dinheiro da coroa em bebidas e prostitutas. Certo dia, ele resolveu ir em uma taverna de renome que ficava no reino vizinho, a bebida era de primeira e as mulheres pareciam verdadeiras deusas gregas, depois do oitavo copo de vinho.
Mas o que chamou atenção do príncipe não foram as mulheres ou o vinho, mas sim um homem que estava jogando cartas, o homem não conseguia ganhar uma única partida, vendo aquilo o príncipe pensou em tirar vantagem do pobre infeliz. Otavio puxou uma cadeira e começou a jogar também. Mesmo não sabendo jogar direito, o grilo ganhou todas as rodadas, fazendo o homem ter de recorrer a última cartada. Tudo ou nada, se o príncipe ganhasse a próxima partida a vida do pobre infeliz seria dele para fazer o que bem entendesse, entretanto, se o príncipe perdesse, o homem ficaria com tudo, inclusive sua liberdade.
Embebedado pela sua própria confiança desmedida, o príncipe aceitou o desafiou e perdeu. Todos riram do pequeno grilo ganancioso. Humilhado e com raiva, Otavio acusa o homem de trapaça e exige uma nova rodada, o homem aceita o pedido e vence o príncipe mais uma vez.
Otavio fica sem chão, a sua vida agora pertence a um homem desconhecido, porém, muito importante para essa história. O tal homem era ninguém menos que Niska o príncipe de Far’kust. Otavio revela quem é de verdade e faz uma nova oferta, ele dará duas vezes o peso de Niska em ouro caso Niska desista da aposta, mas ele recusa.
Para o alivio de o Otavio, Niska desejava algo, ele cobiçava a floresta de carvalhos do reino de Zerdorm, caso o príncipe convence-se seu pai a ceder essas terras, Niska anularia a aposta. Otavio então corre até seu pai e conta toda a história. O rei tinha três escolhas; não pagar a aposta e ficar mal falado, ceder a floresta de carvalhos pacificamente para Niska ou, deixar seu filho ser levado como um escravo.
Por mais que Otavio merecesse uma punição severa pelas suas ações, o rei não desejava ver seu próprio filho virá um escravo e então acabou cedendo a floresta para Niska.
Esse evento é irrelevante e sem graça assim como essa masmorra, mas, foi graças a essa floresta que os soldados de Far’Kust conseguiram invadir o reino de Manzir durante a guerra pelos cristais de Oblivia. Então talvez ainda aja salvação.
? Eh! Pelo que parece esse lugar só tem de legal a história mesmo – Disse o aventureiro, após explorar o local por um tempo.
O aventureiro estava prestes a bocejar pela décima primeira vez, quando se deparou com uma cena bastante intrigante. Um esqueleto, com uma adaga de ouro enfincada no crânio, lutando contra outro três esqueletos de armadura.
? Qual foi galera ? Disse o esqueleto. ? Eu considero todos vocês meus irmãos, porque não deixamos as armas de lado e vamos tomar um bom copo de leite para esquecer tudo isso?
Os esqueletos com armaduras se encaram e partem pra cima logo em seguida.
? *Tsk* tudo bem.
O primeiro esqueleto parte pra cima desferindo um golpe de espada na vertical, o esqueleto falante esquiva facilmente e corta fora o crânio do inimigo com um único golpe, ainda rodopiando no ar ele pega o crânio e joga no segundo esqueleto, que cai com o impacto. O terceiro esqueleto consegue acerta o esqueleto falante com a sua maça, o jogando contra a parede, entretanto isso não foi capaz de para -ló.
Segurando a espada com as duas mãos, o esqueleto falante parte pra cima do outro esqueleto e crava a sua lâmina no buraco onde algum dia já viveu um olho, em seguida, o esqueleto larga a espada, tira à adaga da cabeça e corta o crânio do inimigo fora. O esqueleto falante respira aliviado por um segundo antes de lembrar que ainda restava um inimigo, entretanto, ao se virar para trás ele vê o último inimigo caído no chão, com a cabeça arrancada.
- Hã! Dessa vez vocês perderam a cabeça, hein!
O esqueleto gira à adaga dourada na mão e coloca de volta na cabeça, quando de repente ele sente a presença de alguém se aproximando, mas antes que pudesse fazer algo a lâmina negra do aventureiro já estava cutucando as suas costas.
? Ehhh! Parece que vim para essa masmorra não foi uma total perda de tempo.
O esqueleto falante se vira com as mãos para cima e faz uma pergunta, meio aborrecido.
? Quem você tá chamando de esqueleto?
Meio confuso o aventureiro responde ? Ninguém.
? Bem então eu já vou indo ? O esqueleto começa a ir embora tranquilamente.
? Epá! Não tão rápido amigo ? O aventureiro passa à frente, com a espada em mãos.
? Posso dá uma olhada nessa adaga?
? Que adaga?
? A que está enfiada no seu crânio – O aventureiro aponta com a espada.
O esqueleto apalpa a cabeça até encontrar o objeto ? Foi mal, mas não vai rolar, essa adaga faz parte do meu corpo.
? Bom, então vou ter que amputa-la.
O esqueleto dá um pulo para trás e estende sua espada ? Está me desafiando para um duelo?
? Vamos dizer que sim, aceita?
? Mas é claro! Eu, Leopoldo Calisto Wice Khan Meritus Vazeluz Nordius Romanoff Argos Saco de ossos, aceito o desafio.
? Se conseguir me derrotar lhe darei a adaga sem hesitar, mas se eu ganhar, você.... A proposito qual é o seu nome mesmo?
? Hahaha! Acabei esquecendo de me apresentar, prazer, Synth Vaporwave ao seu dispor.
? Hum! Que nome sonoro.
? Obrigado.
? Pois bem, Synth Vaporwave, caso você perca o duelo, não, não, não, quando você perder o duelo terá de me ajudar a derrotar o rei esqueleto. Alguma objeção?
? Hahaha! Você é um esqueleto bem confiante, por favor mantenha esse espirito mesmo depois da derrota, tudo bem?
Synth guarda a sua espada negra na bainha e pega a uma espada velha no chão.
? Usarei essa daqui para te dar alguma chance de vitória.
? Hahaha! não me subestime, Synth.
Os dois oponentes se encaram por um breve momento, até Synth dá início ao duelo com uma poderosa sequência de golpes, utilizando as duas mãos para maximizar sua força. Leopoldo fica na defensiva, esquivando dos ataques muita das vezes, já que os golpes de Synth são tão pesados que ele não é consegue defende-los. Se a força de Leopoldo não é o bastante para parar os ataques de Synth, o esqueleto então iria redireciona-los.
E assim foi feito, quando Synth atacou Leopoldo, o esqueleto usou seu próprio braço como escudo fazendo a lâmina do aventureiro escorregar por ele. Sem perde tempo, Leopoldo contra-ataca, porém o aventureiro consegue empurra-lo para longe com um chute. Leopoldo cai de cara no chão, aparentemente desacordado.
Synth sorri ao ver que o ataque do esqueleto rasgou suas roupas ? Espero que você não tenha morrido com esse chute.
Leopoldo levanta do chão de costas e ao se virar ele rapidamente joga um crânio na direção de Synth. Synth consegue se esquivar facilmente, entretanto, ele não esperava que logo em seguida o esqueleto fosse jogar a própria espada nele e é quase acertado dessa vez.
E foi aí, nesse pequeno momento de distração, que Leopoldo conseguiu subjugar Synth pressionando a adaga que ele cobiçava contra seu próprio pescoço.
? Você lutou bem Synth, só não melhor que eu.
? Eu perdi?.... Hahaha! Tudo bem, obrigado pela ótima luta Saco de ossos.
? Disponha, sempre que quiser apanhar é só falar. Agora vamos matar o rei esqueleto.
? Por qual motivo você deseja matá-lo? Independentemente da sua resposta, eu prometo cumprir com a minha palavra. Só estou curioso mesmo, porque eu pensei que ele seria o seu pai ou alguém que veio do mesmo cemitério.
O esqueleto olha sobre os ombros para Synth e diz ? Para roubar o tesouro dele, é óbvio.
Um largo sorriso abre-se no rosto de Synth ? Hahaha! Parece que vamos nos dar muito bem.
? Hm! Eu tenho a mesma impressão.
Parece que Leopoldo tem um imã para atrair esqueletos, pois bastou encontra-lo para eles finalmente aparecerem. Devo confessar que vê Leopoldo lutando com os esqueletos é muito engraçado, por algum motivo. Vendo Leopoldo lutar eu também pude constatar que ele tem bastante experiencia com os seus semelhantes, já que sempre foca seus ataques na cabeça dos esqueletos.
A magia que mantém os esqueletos ‘’vivos’’ fica concentrada na cabeça deles, então basta destruí-la para que eles morram. Armas como; maças, machados, martelos e marretas são perfeitos para esse trabalho. Entretanto, eu não sei se o Rei Esqueleto possui a mesma fraqueza, nunca me deparei com tal criatura antes, mas, levando em conta o fato dele ser o rei dessas criaturas, muito provavelmente deve-se se tratar de um Lich e se realmente for um.
Um largo sorriso abre-se no rosto de Synth ‘’A minha querida Darkwave dará conta do recado hahaha!’’
Após uma sequência divertidíssima de combates, enfim conseguimos chegar até a sala do rei esqueleto. Uma gigantesca porta de madeira era a única coisa que nos separava do rei, porém antes que eu pudesse abri-la Leopoldo pediu para fazermos uma pausa. Isso só aumento minha curiosidade acerca dele, afinal eu nunca ouvi falar de um esqueleto que fica cansado.
Leopoldo me levou para uma sala enorme onde passava um rio bem no meio dela, ele me disse que esse lugar é uma espécie de sala segura, onde os monstros jamais entravam ali.
Acendi uma fogueira, abri minha mochila em busca dos mantimentos e me deparei com uma pequena surpresa, minha querida esposa colocou algumas garrafas de leite e pãezinhos doces no meio das minhas coisas. Resolvi dá uma garrafa de leite para Leopoldo, que ficou imensamente feliz.
Desde o momento em que Leopoldo me derrotou, eu venho pensando sobre quem ou que ele é. Talvez ele seja um esqueleto que acredita ainda ser um humano, ou o resultado de uma maldição, ou um ritual de ressurreição que deu errado. E a adaga, será que ela tem alguma coisa a ver com isso?
? Leopoldo, eu posso dar uma olhada nessa adaga? Prometo devolve-la é claro Hahaha!
O sorriso malicioso no rosto de Synth deixa Leopoldo desconfiado, mas, como uma forma de recompensar o aventureiro pela garrafa de leite, ele acaba dando à adaga.
Ao segurar o objeto Synth fica impressionado com o peso da adaga tendo dificuldade para segurá-la com apenas uma mão. O cabo e a lâmina são feitos de ouro maciço, a guarda da adaga é feita de obsidiana, dando um belo contraste visual. A ponta do cabo da adaga tem o formato da cabeça de um leão, com olhos de rubi.
? Um objeto dessa magnitude facilmente deve valer uma montanha de ouro.
? Me devolva!
? Hahaha! Só estou brincando ? Disse Synth, devolvendo à adaga.
‘’ Não sinto nada diabólico emanando dessa lâmina, mas não posso arriscar, talvez a maldição da adaga acione quando alguém a rouba do esqueleto... Hm! Acho melhor deixa-lo com Leopoldo até ter certeza que é seguro rouba-la.’’
? Aonde você a encontrou?
Leopoldo fica em silêncio. Por não ter um rosto Synth não sabe o motivo do silêncio do esqueleto, e, pressupondo que talvez seja porque ele não ouviu a pergunta, Synth resolve repeti-la.
? Foi um presente ? Disse Leopoldo, antes que Synth repete-se tudo. ? Do meu pai...
? Entendo... ? Synth percebe pelo tom de voz que o esqueleto ficou incomodado com a pergunta e resolve mudar de assunto. ? A quanto tempo você está nessa masmorra?
? Ei! Você tá fazendo perguntas demais, que namora comigo ou o que?
? Não, você não faz o meu tipo, eu prefiro as mais cheinhas.
? ...Uma semana ? Disse Leopoldo, após mais uma pausa. ? Eu entrei nessa masmorra com o objetivo de roubar o tesouro do rei esqueleto e eu quase consegui sem precisar lutar.
? Como?
? Bem, na verdade eu não sei explicar, mas por algum motivo o rei esqueleto achou que eu era... Um esqueleto.
? Impossível! ? Disse Synth, fingindo surpresa. ? Como ele pode se confundir?
? Não é? Mas bem, graças a isso eu consegui chegar à sala do tesouro facilmente, porém quando estava saindo com o baú o rei me viu e soube na hora que eu não era um de seus esqueletos.
? Eu ainda tentei lutar, mas não consegui, os feitiços dele são poderosos demais. Tive sorte de consegui sair com vida de lá.
? Ele solta feitiços? ? Um largo sorriso abriu-se no rosto de Synth. ? Não se preocupe Leopoldo, com a minha ajuda, você irá tomar leite no crânio dele muito em breve.
Leopoldo levanta a garrafa de leite no ar, fazendo um brinde. ? Que os deuses te ousam.
? Agora me diga, por que você veio para cá?
? Eu não pretendia explorar essa masmorra, mas a recepcionista da minha guilda disse que haveria uma boa recompensa, então eu vim.
? Simples assim?
? Simples assim, se tem dinheiro e aventura eu caio dentro.
? Hahaha! Parece uma boa forma de levar a vida.
? E é, mas agora vamos dormir, amanhã cedo quero derrotar esse rei esqueleto. Boa noite, Leopoldo.
? Boa.
Synth acorda de manhã com o barulho de patos muito alegres passando pelo rio. Ao olhar para o lado ele vê Leopoldo fazendo alguns exercícios matinais.
? Dormiu bem gracinha? ? Disse Leopoldo.
? Como um bebê Foca.
? Ótimo, então está pronto para enfrentar o rei esqueleto?
? Não, antes eu preciso tomar o café da manhã.
Synth come o resto dos pães e em seguida parte para enfrentar o rei esqueleto. No momento em que Leopoldo abriu as enormes portas de madeira, as dúvidas de Synth foram sanadas e um largo sorriso abriu-se em seu rosto.
No centro da sala estava o Lich, um esqueleto sem pernas, que flutua no ar. O Lich segura um cajado enrolado numa serpente de ouro e, com o crânio de um diabrete na ponta. Uma mortalha roxa e surrada cobre o corpo sem vida da criatura. E em sua cabeça há uma coroa dourada incrustrada de diamantes negros, o que comprova seu título de rei.
? Ohhh! Então você voltou minha criança defeituosa ? Disse o Lich, soltando um bafo venenoso. ? E ainda trouxe um brinquedo para mim Hahahaha! Que magnifico.
? Quem você tá chamando de esqueleto, imbecil! Eu vim aqui para tomar o seu tesouro rei esqueleto e é o que farei, dessa vez não irei fugir!
O Lich olha para Synth ? Por que você está ajudando um monstro? Achei que os humanos tinham aversão aos seres mágicos.
Synth desembainha sua espada e coloca a mão no ombro de Leopoldo.
? Monstro?! Ao meu lado está um autêntico aventureiro, um homem honrado que merece todo meu respeito e admiração.
Leopoldo se emociona com a fala de Synth e passa a mão nos olhos para enxugar suas lágrimas invisíveis. O Lich bate o cajado no chão e as portas da sala se fecham, em seguida ele a ponta o cajado para a dupla e cria um orbe de energia negra.
? Pois bem, venham aventureiros! Eu! Margeliarius: O sem-vida! Irei destruí-los!!!
? ‘’Sem-vida’’ ? Disse Leopoldo. ? Não seria melhor, Margeliarius: O Imortal?
? Também acho, mas aí seria clichê.
? É, tem razão, mando bem Sem-vida.
O Lich ignora o elogio e lança uma rajada de magia negra nos aventureiros. Leopoldo corre para longe, enquanto que Synth, com apenas o brandir de sua espada, dissipa a nuvem de magia negra.
? Não pode -se ? Disse o Lich, assustado. ? Isso é Metal Negro?!
— Sim, é isso mesmo seu fudido.
Leopoldo olha para o Lich, depois para Synth — O que é metal negro?
As sobrancelhas do aventureiro se arquearam e um largo sorriso se abriu no seu rosto — Se você realmente não sabe isso me deixa mais tranquilo.
— Por que?
— Bom, a sua ignorância evitará alguns problemas, mas, resumindo pra você esta espada se chama Darkwave e ela pode cortar magia.
? Muhahahahahahahaha! Humano ? Disse o Lich, soltando um bafo toxico. ? Se você veio até confiante que só está espada seria o suficiente para me derrotar, então sua morte será rápida.
Após dizer isso o Lich invocou dez cavaleiros esqueletos, vestindo armadura e segurando espada e escudo.
? Me pergunto o que será que vai mata-los primeiro ? Disse o Lich, voando sobre seus esqueletos. ? Minha magia ou meus esqueletos? Muhahahahahaha!
Leopoldo, assim como Synth, acreditava que essa batalha seria fácil, porém eles estavam enganados. Os esqueletos que o Lich invocou são mais resistentes e expertos, seus ataques são bem coordenados e difíceis de desviar. Synth que a pouco tempo atrás quase subjugou Leopoldo apenas usando a força, encontrou oponentes fortes o suficiente para chocar espadas e manter o pé firme no chão. Além dos esqueletos, Leopoldo e Synth tem de se preocupar com os ataques do Lich, que manda rajadas de magia negra do céu.
? Synth ? Disse Leopoldo, com a respiração acelerada. ? Eu tenho um plano.
? Seja o que for diga logo ? Respondeu o aventureiro, depois de quase ter sua cabeça cortada fora
? Não posso dizer, apenas preste atenção e você vai saber a hora de agir.
? Que plano incrível ? Disse Synth, um pouco alterado. Vamos tentar.
? Está pensando em desistir? ? Disse o Lich, em tom de zombaria. ? Que pena, achei que você tinha culhões, humano. Lamentável.
A provocação do Lich é interrompida quando um braço esquelético voa na sua direção e agarra seu cajado. Trata-se do braço de Leopoldo. O Lich balança o cajado para fazer o braço cair, mas não consegue, ele então pega o braço, nesse momento a mão de Leopoldo se solta e agarra a mandíbula do Lich, que começa a puxar o braço desesperadamente.
Synth ficou tão intrigado com a cena que demorou para perceber, que tudo fazia parte do plano de Leopoldo para distrair o Lich. Ao perceber tudo, Synth corre, dá um pulo e agarra a ponta da espinha dorsal do esqueleto, em seguida, usando toda a sua foça, ele derruba o Lich no chão.
Encurralado e certo sobre seu destino, o Lich tentou falar algumas palavras, provavelmente ofensas e pragas a Synth, porém como a mão de Leopoldo estava segurando sua boca tudo que Synth escutou foi.
? ADADFSFCSCCVKSLÇMVRE!
? É foda mesmo mano ? Com um único golpe Synth divide a cabeça do Lich em duas, no mesmo instante os outros esqueletos caem no chão, desanimados.
? Ahhh! Lutar com um Lich foi mais divertido do que pensei ? Disse Synth, jogando o braço esquelético para Leopoldo.
? Sua noção de diversão é estranha.
? Hahaha!
De repente, o Lich se desfez em poeira deixando para trás apenas a coroa de diamantes negros e um mapa. Synth dá uma olhada no mapa, porém não entende uma palavra do que está escrito e simplesmente o joga para trás, em seguida ele pega a coroa, coloca na cabeça e senta no trono do rei.
? Agora eu sou o rei dessa porra, jure lealdade a mim, Leopoldo, ou irei joga-lo aos cachorros Hahahaha!
Enquanto se vangloriava Synth começa a levitar, porém o aventureiro só percebe isso quando a coroa topa no teto da sala. Ao abrir os olhos e vê o chão um pouco mais longe, Synth diz.
? Leopoldo, eu cresci?
? Não, você só está flutuando.
? Ok... Como eu faço para descer?
? Bom, segundo o mapa basta tirar a coroa.
O aventureiro retira calmamente a coroa e imediatamente despenca do céu, mas, felizmente Leopoldo consegue pegá-lo em seus braços.
? Obrigado.
? De nada... Você já pode descer.
? Ah! Foi mal.
? Você consegue ler isso? ? Perguntou Synth, apontando para o mapa.
? Sim, o mapa ensina como funciona a relíquia, no caso, a coroa de Ícaro. A coroa concede a habilidade de voar ao portador, mas acho que isso você já sabe. O mapa também mostra a localização de outras masmorras que possuem relíquias iguais a essa.
? Mas espera aí, como você consegue ler esses rabiscos e eu não?
? Bem... Esse mapa está escrito na língua dos seres mágicos....
? O que? ? Disse Synth, fingindo espanto. ? Então como você consegue lê? Não me diga que você é um... monstro?
?... Eu não queria te contar isso, pelo menos não por agora, mas em minhas veias corre sangue de monstro.
? Ohhh! Meu deus ? Synth cobre a boca com a ponta dos dedos e arregala os olhos ao máximo. ? Eu estou chocado.
? Eu sabia que você ia ficar chocado... Eu nasci da relação de um centauro e uma humana.
? Epa! Perai Leopoldo, como assim o seu pai é um centauro?
? Bem, ele não é exatamente um centauro, tá mais para um mini centauro.
? Hã?
? Sabe, as vezes um centauro acaba dormindo com um pônei e daí nasce um centauro pequenininho, como o meu pai.
? Fascinante ? Dessa vez Synth estava com uma expressão de espanto genuína no rosto.
? Por favor, guarde segredo sobre minha real natureza, sei que existe humanos por aí que odeiam os seres mágicos e tenho medo do que eles possam fazer com a minha família.
Synth dá um soco nas costelas de Leopoldo – Fique tranquilo meu amigo, eu guardarei o seu segredo.
? Valeu Synth, você é um cara legal afinal.
Synth confirma com a cabeça ? Agora me diga Leopoldo, onde fica a próxima masmorra?
? Bem, aqui no mapa consta que ainda restam duas relíquias nessa masmorra, porém os outros dois chefões serão bem mais difíceis.
? Não diga isso ? Disse Synth, sério.
? O que, difícil?
? Não repita! Escute Leopoldo, eu sou um aventureiro e no vocabulário dos aventureiros não existe a palavra, difícil, perigoso e impossível. No lugar dessas palavras dizemos, divertido.
? Então da próxima vez diga que algo será mais divertido.
? Ehhh! Tudo bem, senhor diversão... O segundo andar da masmorra é o lar dos carniçais, que são liderados por um gigantesco carniçal de cinco metros de altura, uma fera realmente muito... – Leopoldo olha de relance para Synth e vê que o aventureiro está o encarando, com bastante seriedade no olhar.
? Divertida ? Synth sorri e balança a cabeça em sinal de aprovação.
? Muito bem, você vem comigo né Leopoldo?
O esqueleto fica em silêncio e Synth mais uma vez acha que ele não escutou a pergunta e decide repeti-la.
? Eu já disse que não sou surdo! Tenha calma, eu estou pensando a respeito.
? Ora! Mas o que há para se pensar Leopoldo, nos próximos andares tem mais monstros e tesouros de montão, tudo que um aventureiro gosta.
? É, mas acontece que eu não sou um aventureiro.
? Não é?
? Não, foi você que tirou essa conclusão precipitada, eu nunca disse que era um. Synth, eu arrisquei minha vida entrando nessa masmorra com o único objetivo de conseguir o tesouro do rei esqueleto e eu já o consegui. O que tem nos outros andares não me interessa.
Com um semblante triste no rosto, Synth apenas diz ? Entendo...
? Porém...
? Porém!
? Andar com você até aqui foi divertido, então eu aceito o convite.
Synth abraça o esqueleto, com um largo sorriso no rosto ? Se você e a aceitar de qualquer maneira por que fez esse drama todo?