Capítulos (2 de 19) 23 Jul, 2019
Um encontro predestinado - parte 2
Antes de descer, nós voltamos a sala segura para descansar um pouco. Depois de recuperar as forças completamente, demos início então a descida para o segundo andar.
Logo de cara nós deparemos com ossos humanos pela escada, o que sem dúvidas é uma decoração bastante convidativa. Antes mesmo de chegar nos corredores o cheiro de podridão do lugar chegou até o meu nariz e, surpreendentemente o de Leopoldo também. Mais um detalhe para a minha lista, além de sentir exaustão, Leopoldo também tem olfato.
Diferente do primeiro andar, onde andávamos despreocupadamente, aqui temos de tomar mais cuidado, pois os carniçais costumam atacar em bando feito uma alcateia de lobos. Contudo, o problema real está nas garras e não nos números.
Segundo o bestiário, as garras dos carniçais são iguais a lâminas de aço e devido a imundice em que vivem, elas podem envenenar e passar doenças com um único ferimento. O veneno começa a fazer efeito poucos segundos após o ferimento e infelizmente porções de cura normais não são capazes de remove o veneno.
Pra ser sincero, pensar sobre essas garras venenosas despertou uma curiosidade mordida em mim. Será que o veneno dos carniçais poderia de alguma forma afetar Leopoldo? Afinal ele não é de jeito nenhum um esqueleto normal. Seja como for, não tive muito tempo para pensar sobre essa questão, pois algo sinistro chamou a minha intenção.
Tratava-se de um carniçal gritador, uma espécie de carniçal menor e mais fraco, que usa os ossos de suas vítimas para atacar de longe. Além disso, como já dá pra presumir pelo nome, a especialidade desse carniçal está em gritar. Seja lá aonde estiverem, ao ouvirem o macabro grito animalesco dessa criatura, outros viram. E foi exatamente isso que aconteceu, após o carniçal gritar apareceram mais dois, esses maiores e mais fortes.
Synth e Leopoldo viam-se agora presos em um corredor estreito, onde de um lado há dois carniçais desesperados para fazer uma boquinha, enquanto que do outra há apenas um, mas que pode grita de novo a qualquer momento.
? Droga, fomos encontrados ? Disse Synth, sacando a Darkwave e virando-se para enfrentar os dois carniçais.
Leopoldo fica de costas para Synth e retira a adaga da cabeça ? Tsc! Pô, logo agora que eu tava começando a curti o modo stealth!
? Esse daí vai fugir quando você chega perto, então seja mais rápido que ele.
? Pode deixar, eu serei e por favor tome cuidado enquanto eu não voltar.
? Hm! Quando você voltar, eu já terei embainhado a espada.
De repente, sem dizer mais nenhuma palavra, os aventureiros partem em disparada. O carniçal gritador joga um crânio na direção de Leopoldo, que corte o objeto em dois com a sua adaga. O carniçal continua jogando ossos, porém isso não é capaz de parar o avanço constante de Leopoldo e ao notar isso, a criatura começa a fugir.
Assim que o carniçal começou a correr feito um animal de quatro patas, Leopoldo teve a certeza de que não iria consegui alcança-lo e então resolveu tentar algo diferente. Leopoldo parou, mirou e arremessou sua adaga no carniçal, a criatura estava prestes a vira o corredor quando a lâmina dourada perfurou sua têmpora.
Leopoldo, achando que havia matado o carniçal se aproximou com a guarda baixa e foi pego de surpresa. Em uma última tentativa de matar Leopoldo, o carniçal pulou direto na jugular, porém, por se trata de um esqueleto ele acabou mordendo apenas um osso. Leopoldo retira a adaga da têmpora e a enfia novamente na cabeça do carniçal, o matando definitivamente dessa vez.
? Coff! Coff! Laaaa! Lalalala! Lalala! Lala! La! Ufa! Achei que esse bicho tinha arruinado minhas cordas vocais. Bem, uma já foi, espero que Synth tenha dado conta dos outros dois.
Leopoldo volto o mais que pode até o corredor onde se separou de Synth, porém lá agora só havia o cadáver de um dos carniçais e um pouco de sangue no chão. O cadáver tranquilizou o coração do esqueleto, mas por pouco, já que não demorou muito para que um grito de dor ecoa -se até Leopoldo.
? Não!
Ao virar mais um corredor, Leopoldo viu uma cena que o fez tremer. O último carniçal estava com os dentes cravados no ombro de Synth. E antes que ele pudesse fazer alguma coisa, o carniçal arrancou fora o ombro e saltou para longe.
? Synth!!!
? NÃO VENHA! – Retrocou o aventureiro, furioso. – EU VOU ABRI A BARRIGA DESSE FILHO DA PUTA E IREI PEGAR MEU OMBRO DE VOLTA.
? Você é imbecil?! Ele te envenenou! Se você se mexer o veneno só vai se espalhar ainda mais rápido. Deite-se no chão e deixe o resto comigo.
Synth pensa um pouco e até afrouxa a mão que segura a espada, mas, ao ver o carniçal o encarando enquanto mastiga lentamente o seu ombro, ele surta. Quando Leopoldo e a passar a frente, Synth lhe empurra para trás e parte na direção do carniçal.
Synth costuma usar as duas mãos para brandir sua espada, porém dessa vez ele só podia contar com uma, e, apenas com a força de uma única mão, ele conseguiu cortar fora a mandíbula do carniçal. Logo em seguida, pela fenda aberta, Synth cravou sua espada no cérebro da criatura. A espada penetrou tão profundamente, que os dentes do carniçal perfuraram o braço do aventureiro.
Após aniquilar seu adversário, Synth derruba sua espada e cai no chão logo em seguida.
? Rápido Leopoldo, abra a minha mochila e pegue um livro negro.
Desesperado por conta da situação, Leopoldo não faz nenhuma pergunta e rapidamente começa a procurar pelo livro. O livro possui uma capa grossa e preta feito carvão, devido a sua finura Leopoldo demorou um certo tempo para encontra-lo.
? Aqui toma!
Synth abre o livro, arranca uma página em branco e coloca em cima do seu ombro.
? Feche os olhos, Leopoldo.
? Primeira benção: Cura!
Ao dizer essas palavras o papel começou a emitir uma luz branca, que foi ficando cada vez mais forte até que ninguém mais conseguisse olhar para ela. Mesmo Leopoldo colocou as mãos nos olhos, tamanha era a intensidade da luz.
? Já pode abrir os olhos, Leopoldo.
? Mas que bruxaria é essa? ? Leopoldo não conseguia acreditar, na sua frente estava Synth com o ombro de volta no lugar.
? Hahaha! – Synth pega outra página em branco do livro. ? Isso meu amigo é uma ‘’ Pena de anjo’’.
A Pena de anjo é um feitiço de cura raro, que pode ser usado por não usuários de magia. A cura proporcionada pelo feitiço foca-se na purificação do corpo, assim removendo efeitos de feitiços de praga, envenenamento e sangramento. A pena de anjo também pode regenerar o corpo assim como pequenas partes dele, como os ombros; dedos, orelhas e nariz. Entretanto a habilidade regenerativa não funciona em caso de membros do corpo amputados.
O processo de criação de uma Pena de anjo é bastante simples, um sacerdote recolhe páginas de uma bíblia sagrada bem velha, põem numa bacia de água benta e pisa nelas até ficarem totalmente brancas. Depois, o sacerdote recolhe as páginas brancas e as encanta com um feitiço de cura e pronto, a Pena de anjo já pode ser usada.
? Pena de anjo? Que estranho, eu não sabia que os anjos eram feitos de papel.
? É claro que isso aqui não é a pena de um anjo de verdade, Leopoldo. Pena de anjo é apenas o nome que deram, isso daqui é um feitiço de cura muito poderoso e caro, tão caro que eu pensei seriamente em não compra -lo.
? Bom, mas se você não tivesse comprado a essa hora estaria morto, então no final das contas valeu o investimento.
? Eu não sei ? Synth analisa a página. ? Andar com o bolso vazio causa um desconforto muito grande sabe.
? Não sei... Você tem quantas páginas dessa?
Synth balança o livro de cabeça para baixo, mas infelizmente nenhuma pena cai. Horrorizado, Leopoldo coloca as mãos na cabeça e começa à andar de um lado para o outro.
? Isso é mal, muito mal, uma única pena para nós dois.
Synth encara Leopoldo, com um olhar apático no rosto.
Após dá algumas voltas de um lado para ou outro, o esqueleto se recompõe ? Tudo bem, tudo bem, não precisa se preocupar Synth, eu abro mão da pena, mesmo que eu esteja morrendo guarde ela pra você.
? Obrigado pela sua benevolência, Leopoldo.
Synth pega a Darkwave do chão e a embainha ? Bem, para onde vamos agora?
? Bom, segundo o mapa, se a gente entrar no corredor da direita, depois ir para o da esquerda e seguir em frente até o corredor da direita, nós vamos dar de cara com uma sala de descanso igual à do primeiro andar.
? Presumo que a sala do chefe esteja perto também?
? Sim, está preparado?
? Depois de uma boa noite de sono vou estar.
Conseguimos chegar à sala de descanso pacificamente, o que é uma pena já que eu gostaria de ter lutado um pouco mais. A sala é idêntica à do andar anterior, porém com um pequeno bônus de alguns gravetos no canto da parede, usei os gravetos para acender uma fogueira e abri a mochila atrás de suprimentos.
Leopoldo sentou-se de frente para mim, o seu olhar vazio queria dizer algo que eu rapidamente captei.
? Aí! Toma ? Synth dá mais uma garrafa de Leite para Leopoldo.
? Muito obrigado!
? Você só bebe leite ou come mais alguma coisa? Porque eu tenho carne seca aqui se você quiser.
? Hmm! Carne seca, parece delicioso, mas infelizmente por causa do meu estomago sensível eu só posso tomar líquidos. Comida sólida me faz peidar sem parar.
? Sério? Isso é interessante.
? Por que meus peidos seriam interessantes?
? Você tem algum sonho, Leopoldo? ? Disse Synth, ignorando completamente a pergunta.
? Sonho?... Bem, não sei se posso dizer que é um sonho, mas eu quero conquistar uma garota.
? Hahahaha! Um objetivo nobre com certeza.
? E você tem algum?
? Eu tinha, meu sonho era ter um família e felizmente já consegui realiza-lo.
? Ohhh! Então você é casado? Me diz, como você conquistou a sua esposa?
Synth ajeita o fogo com um galho.
? Ahhh! meu amigo, essa é uma história longa e complicada, mas muito bonita também. Por isso deixarei para contá-la na presença do meu grande amor.
? Esperai! Você tá querendo dizer que vai me apresentar a sua família?
Synth confirma com a cabeça.
? Mesmo eu sendo meio monstro ? Leopoldo começa a gaguejar como se estivesse emocionado, quase chorando. ? Obrigado Synth.
? Hahaha! você é só ‘’meio monstro’’ Leopoldo, já a minha esposa é por inteira.
? Ela é tão feia assim?
? Não, não Haha! Eu quis dizer que ela é realmente um monstro.
? Perai, então além de gosta de bate em monstros, você gosta ? Leopoldo faz um gesto obsceno com as mãos. ? Com eles?
? Bem, se o monstro for gostoso...
? Argh!
? Hahaha! Não se preocupe Leopoldo, ela não é tão repulsiva quando você está imaginando, mas para conhece-la nós temos de sair vivos daqui primeiro.
? E de preferência com os bolsos cheios de ouro.
? Hum! Você nunca se esquece do ouro né.
? Claro que não, é justamente por isso que sou um aventureiro tão bom.
Leopoldo começa a bocejar.
? Eu também estou ficando com sono, acho melhor irmos dormir logo, boa noite.
? Boa.
No outro dia, Synth acorda novamente com o barulho de patos passando pelo rio, porém dessa vez havia algo de errado com eles.
? Finalmente acordou, dormiu bem? ? Perguntou Leopoldo, fazendo agachamentos.
? Como uma pedra ... Leopoldo, da última vez passaram sete patinhos pelo rio, não foi?
? Sei lá, eu não presto atenção no mundo a minha volta quando estou fazendo exercícios. Deve ter sido sete mesmo, como na música.
? Hm! Eu tenho certeza que tinha sete, mas agora só vejo cinco, será que os outros se perderam?
? Provavelmente foram devorados, como na música.
? Espero que não, eu gosto de patos.
? Tem algum motivo especial pra gente tá falando de patos tão cedo?
? Nenhum, só fiquei preocupado com a mamãe pata e os seus filhotinhos, mas agora já passou.
? Ótimo, porque temos um carniçal gigante para derrota.
? Eu sei, mas antes! Vamos tomar café da manhã.
Assim como no primeiro andar, a porta da sala do chefe é gigantesca e feita de madeira. Ao abri-la, nos deparamos com uma montanha de ouro misturada com cadáveres, provavelmente dos aventureiros que vieram antes. Do pé da montanha escorre um líquido verde que se espalha por todo o salão, só precisei dá uma fungada no ar para sabe que tratava -se do sangue de carniçal, isso confirma as minhas suspeitas de que, na falta de aventureiros, o carniçal gigante se alimenta dos menores, pois caso contrário esse lugar deveria estar infestado.
? Ué! Cadê o monstro? ? Perguntou Leopoldo, sacando sua adaga.
? Não sei... Hum! Talvez ela tenha fugido de med-
Antes que Synth pudesse termina sua frase, a montanha de ouro explodiu de dentro para fora e algo muito comprido e fino, que Synth julgou num primeiro momento serem lanças, voou em sua direção. Ele consegue esquivar das lanças voando para o alto, porém, ao fazer isso Synth é acertado na cabeça por uma barra de ouro.
O impacto quase o nocauteou na hora, a mente do aventureiro girava enquanto ele pouco a pouco perdia altitude e voltava para perto das lanças. Mesmo meio desorientada, Synth percebeu que aquilo que o quase atingiu não eram lanças, mas sim garras. De repente, o braço imenso da criatura voltou para dentro da obscura abertura na montanha, o barulho daquelas gigantes garras ziguezagueando pelo chão fizeram Synth recobrar a consciência magicamente.
? Você está bem, Synth? ? Disse Leopoldo correndo em sua direção.
? Leopoldo... Você viu o tamanho daquelas garras?
? Se eu vi? Aquela coisa quase me partiu no meio, por sorte eu consegui me abaixar a tempo.
? A sua cabeça tá sangrando Synth! Temos que trata-la imediatamente!
? Shhh! Escute.
Um som de respiração bizarro começa a sair da montanha, Synth e Leopoldo desembainham suas armas quando de repente, a montanha colapsa, revelando a criatura colossal de uma vez por todas. Um homem em estado avançado de desnutrição, com braços compridos e mãos enormes. Em sua cabeça não há mais nenhum resquício de humanidade ou cabelo, seus olhos são extremamente brancos, não possui nariz e nem lábios, apenas uma boca enorme com dentes saltados pra frente.
? Eu deveria ter trazido uma espada maior ? Disse Synth.
O carniçal uiva furiosamente e corre na direção dos aventureiros, Synth levanta voou novamente, enquanto que Leopoldo corre em outra direção.
Desviar das garras do carniçal não é um problema muito grande pra Synth, já que os ataques são sempre lentos devido ao tamanho colossal do monstro. E é justamente por causa dessa desvantagem, que a estratégia do carniçal é matar suas vitimais em único ataque assim que entram na sala. Contudo, a batalha ainda não havia sido vencida, muito pelo contrário, por causa do tamanho do seu oponente, Synth não faz a mínima ideia de aonde ataca-lo.
A situação parece complicada, porém, não ter um plano de ataque nunca impediu Synth de ir pra cima e dessa vez não foi diferente. Com a espada em mãos, Synth investe contra a face gigantesca do carniçal e perfura o seu olho, entretanto, a criatura parece não ter sentindo o golpe, já que logo em seguida tentou abocanha-lo.
Synth esquiva das mordidas e imediatamente recua para longe, ao perceber que sua pressa iria consegui fugi, o carniçal usa sua língua como chicote e agarra o aventureiro pela cintura. Felizmente bastou apenas um golpe de espada para que a língua fosse cortada, contudo já era tarde, a mão do carniçal estava bem atrás de Synth. A mão não o agarrou, ela continuo aberta, a intenção do carniçal era empurra-lo para dentro da boca como se fosse um biscoito, porém, comer esse biscoito de chocolate não seria tão fácil.
Com seus pés apoiados firmemente sobre os dentes do carniçal, Synth tenta fazer frente a força do monstro enquanto pensa em um plano. A urgência por um plano aumenta ainda mais quando Synth escuta algo parecido com um esguicho vindo da escuridão. Olhando envolta a procura de uma saída, Synth repara que a gengiva do carniçal parece um ponto bastante sensível, porém, para acerta-la ele irá ter de jogar sua espada, o que o deixará totalmente indefeso contra a língua decepada que se aproxima.
Sem muitas escolhas restando, Synth joga a espada na gengiva e fecha os olhos, já que se isso não funcionar será o seu fim. De repente, ele escuta um rugido de dor que os faz abrir os olhos bruscamente e quase estoura os seus tímpanos, o peso sobre suas costas sumiu e o céu agora estava livre das garras do carniçal. Entretanto, ao invés de fugir para longe assim que viu que era possível, Synth decidiu pegar sua espada de volta antes, pois o valor emocional e, principalmente financeiro, da Darkwave era grande demais para ele simplesmente deixa-la para trás.
Essa decisão acabou sendo o maior erro de Synth, pois ao remover a Darkwave da gengiva do monstro, um chato de sangue espirrou em seus olhos. Mesmo não enxergando nada por causa do sangue, ele decidiu voar para longe depressa, já que se fica-se parado ali não iria demorar muito para o carniçal come-lo. Depois de esfregar bastante as mãos no rosto, Synth volta a enxergar, meio embasado, mas bem o suficiente para ver a palma do carniçal vindo em sua direção.
Foi tudo tão rápido que Synth não conseguiu desviar e acabou sendo arremessado contra uma pilastra. Caído no chão gemendo de dor e com sangue escorrendo dá parte de trás da cabeça, Synth se arrasta até a sua mochila para pegar dois itens. O primeiro item era é uma poção de cura, que ele bebeu de imediato para diminuir a dor e consegui ficar de pé.
Quando ficou de pé a primeira coisa que Synth fez foi olhar envolta a procura de Leopoldo, ele não conseguiu encontra-lo, mas o carniçal conseguiu achar Synth e no momento em que o viu a criatura rugiu.
? Ele deve estar bem...
O segundo item que Synth retirou da mochila foi um o globo de cristal, com algo dentro. Quando o carniçal descobriu a sua posição, Synth quebrou o globo liberando o sinalizador que estava guardado dentro dele.
? Bem, se eu sobreviver a isso espero pode ver aquele esqueleto mais uma vez algum dia.
Synth aponta o sinalizador para o carniçal e quando estava prestes a atirar, algo inesperado aconteceu. Do completo nada o carniçal começou a coçar o pescoço, desesperado, quanto mais ele coçava, mais furioso ficava seus rugidos. De todas as coisas que Synth pensou que poderia acontecer, um surto de coceira certamente não era uma delas, ainda mais que essa coceira iria matar o colosso.
Assim como começou terminou, o carniçal repentinamente parou de coçar o pescoço, suas mãos abaixaram já sem vida, porém a criatura só despencou em direção ao chão quando um mar de sangue saiu do seu pescoço.
? Mas que porra tá acontecendo?
Synth caminha até o carniçal afim de encontrar respostas, chegando perto do cadáver ele escuta um som estranho, o som de alguém fazendo força.
? Leopoldo...?
? Ei! Synth, você tá vivo que maravilha, me dá uma mãozinha aqui cara.
Synth ajuda Leopoldo a sair debaixo do cadáver do carniçal. Agora de pé, Leopoldo gira a adaga para retirar o sangue e à coloca de volta na cabeça.
? Como você matou essa coisa?
? Enquanto você lutava com a cara dele, eu o escalei pelas costas e cortei a sua garganta.
? Com essa adaginha!!!!
? Ei! Você nunca ouviu dizer que tamanho não é documento ? Disse Leopoldo se sentindo insultado. ? ...Bem, foi o monstro que cortou a própria garganta tentando me pegar, mas o corte que eu fiz ajudou, então eu o matei.
? Mato porra nenhuma, você só deu o último hit.
? O último hit é o que importa.
? Sendo assim eu matei o Lich sozinho.
? Como sozinho se precisou do meu braço pra ganhar?
? Seu braço só serviu pra manter a boca dele ocupada mordendo algo, eu que fui lá e dei o último hit.
O sorriso presunçoso no rosto de Synth irritava Leopoldo, porém o esqueleto teve engoli o orgulho e aceita a derrotada.
? Tudo bem, você matou o Lich e eu o carniçal, tá empatado.
? Hahaha! Então você quer competir comigo? Ótimo, adorei a ideia Hahaha!
? O que é isso na sua mão? ? Disse Leopoldo se referindo ao sinalizador de Synth.
? Isso? É a minha rota de fuga quando dá muita merda.
? Fuga? Esperai, você pretendia ir embora e me deixa pra trás?
? Leopoldo, mesmo se eu tivesse ido embora você não estaria correndo perigo.
? E por que não? ? Disse o esqueleto, nervoso.
? Bem, basta olha para nós dois, quem você acha que os carniçais iria gosta mais de comer?
? Tem razão... ? O tom de voz de Leopoldo transparecia que ele havia entendido uma verdade estupidamente óbvia. ? Ufa! Graças aos céus eu sou magrinho.
Assim como aconteceu com o Lich, o carniçal se desfez em poeira deixando para trás apenas uma relíquia. A relíquia é um par de manoplas prateadas, com um coração feito de rubi nas costas das mãos.
? Ué! Cade o mapa? ? Synth mal acabará de fazer a pergunta, quando o mapa da masmorra na cintura de Leopoldo começou a brilhar repentinamente. Os dois observaram juntos palavras sendo escritas magicamente no verso do mapa.
? Ah! Droga, eu não posso usar essas manoplas ? Disse Leopoldo, ao terminar de lê o texto gigante.
? Por que não? O que está escrito nesse texto?
? Você não leu? Ah! Eu esqueci, você é analfabeto.
? Vai se foder, lê logo o que tá escrito aí porra.
Leopoldo gargalha por tempo e então lê para Synth ? Essas são as manoplas de Kazeta Roan.
? Hum! Nome impactante, o que elas fazem?
? Bem, as manoplas duplicam a força do usuário, porém, se você sujar os corações com o seu próprio sangue, isso irá ativar o modo Réquiem. No modo Réquiem as manoplas vão quadriplicar a sua força, mas apenas por um curto período, quando esse modo acabar você terá de esperar um pouco para poder usa -ló novamente.
? Uau! ? Disse Synth, com os olhos verdes de tanta ganancia.
? Bem, nós dois concordamos que fui que mato o carniçal gigante, certo?
? Ahhh! Sim, claro ? Disse Synth em tom de ironia. ? Sem sombras de dúvidas quanto a isso.
? Ótimo. Por eu ter o derrotado naturalmente as manoplas deveriam ficar comigo, mas, infelizmente eu sofro de uma anemia severa que impede o sangue de circula nas minhas veias, então pode ficar com elas, Synth.
? Ohhh! Muito obrigado, Leopoldo.
No momento em que Synth colocou as manoplas, ele começou a ter visões do que parecia ser, o momento da morte de todos que usaram as manoplas. As mortes eram das mais variadas possíveis; morto numa emboscada, morto dormindo, morto envenenado, morto por um ataque cardíaco, morto por um raio. Enquanto Synth presenciava todas essas mortes, uma voz imponente começou a falar com ele.
? Aventureiro, muitos vieram antes de você e muitos falharam, o que está em suas mãos não é um simples pedaço de metal, essas manoplas tem poder suficiente para esmagar o maior dos maus. Mostre-me que tem o que é necessário para merecer todo esse poder e ele será seu.
? Boa sorte aventureiro, estarei observando.
Synth estava atordoado com a fala da estranha voz, ele não sabia o que falar e mesmo se soubesse não teria tempo para dizer, pois repentinamente ele recebeu um tapa na cara que o levou de volta ao mundo real.
? Ai!
Quando Synth começou a ter as visões, ele subitamente desmaiou deixando Leopoldo assustado. O esqueleto retirou as manoplas de Synth por pensar que isso seria a causa do desmaio, mas, ao ver que nada adiantou e sem ideia do que fazer, Leopoldo simplesmente deu-lhe um tapa na cara.
? O que aconteceu cara?
? Eu... tive visões...
? Visões do que?
Synth olha para as suas mãos ? Visões de todos os guerreiros que já usaram essas manoplas.
? Outros guerreiros... Então o nome das relíquias não é algo decorativo como eu achava. Eae, o que aconteceu com esses guerreiros?
? Eles morreram, todos que puseram essas luvas tiveram um fim terrível.
? E... Sabendo disso o que você pretende fazer?
O medo era visível no rosto de Synth, porém pelo pouco tempo que estiveram juntos Leopoldo já sabia qual seria a resposta para essa pergunta.
? Não é óbvio? É claro que eu vou usa-las!
? Hahaha! Você é completamente maluco Sniff! Sniff! Argh! Eu estou fedendo a sangue, preciso tomar um banho urgentemente.
Synth e Leopoldo retornam para a sala de descanso, sem pensar duas vezes o esqueleto pulou de cabeça dentro do rio e ao emergir balançou o crânio como se estivesse chacoalhando o cabelo. Ao olhar para trás Leopoldo viu Synth retirando cuidadosamente peça por peça da sua roupa, com exceção das manoplas.
? Você não vai entra? ? Perguntou Leopoldo, notando a estranha hesitação de Synth.
? Ehhh! Leopoldo você consegue pisar no fundo?
? Sim e é muito liso por causa do limo, então tome cuidado.
‘’ Bom, eu sou mais alto então acho que não vai ter problema’’
Se sentido mais confiante, Synth resolve entrar no rio, porém ele sente que tem algo de errado na profundidade do rio quando a água bateu na sua cintura, antes dos seus pés alcançarem o fundo.
? Você tá com medo? ? Disse Leopoldo.
? Eu não tenho medo de nada!!! ? Disse Synth, tremendo de medo.
Para provar para Leopoldo que não estava com medo, Synth resolveu entrar no rio de uma vez. A água continuo subindo até atingir à altura dos ombros, porém ele só notou isso depois que Leopoldo disse.
? Já pode abri os olhos, a água não vai subir mais.
? Ufa!
? Por que você tem tanto medo? É algum trauma?
? Leopoldo coloque uma coisa na sua mente, a palavra medo não faz parte do meu vocabulário, entendeu?
? Tudo bem então ? Disse o esqueleto, um pouco alterado. ? Mas se no próximo andar um goblin correr atrás de você com um balde d’água, eu não vou ajudar não.
? Se eu tivesse medo de globins jamais teria me tornado um aventureiro. Goblins são seres fracos e covardes, que precisam usar de armadilhas e truques sujos para matar. E por isso que desconfio que o chefe do próximo andar não será um goblin, mas sim um monstro mais forte que estar os controlando.
? Se eu fosse você não subestimaria os goblins tanto assim, você conhece a história deles?
? ‘’Quando Virdofiss, o pai dos monstros, viu o rosto dos goblins ele decidiu mata-los, pois nem mesmo ele iria permite que um ser tão repulsivo e vil vive -se nesse mundo. Entretanto, os goblins conseguiram obter o direito à vida retirado a vida do seu próprio criador.’’
? Isso não quer dizer que eles são fortes, apenas que são feios pra caralho e filhos da puta. Enfrentar um monstro feio de fato é complicado, mas não impossível.
? Não é a força ou os números deles que me preocupa Synth, até porque eles são fracos mesmo. O que me preocupa de verdade é a genialidade diabólica do goblins, tenho certeza que o próximo andar vai está cheio de armadilhas mortais; chão falso, dardos envenenados, pedras gigantes caindo do teto e sabe-se lá mais o que.
? Hahaha! Relaaaaxa Leopoldo, eu sou um aventureiro experiente consigo reconhecer uma armadilha a um quilometro de distância, comigo ao seu lado você não precisa temer nada.
? E... Haaa! Leopoldo, devo agradece-lo por insistir em que eu entrasse no rio, estou me sentido muito relaxado e leve agora.
? Ehhh! Eu também to relaxadaço ? Leopoldo estava tão relaxado que um dos seus braços descolou e começou a ser levado pela correnteza.
? Ah! Pega o meu braço, Synth!
? Depois eu pego ? Disse Synth, com a voz mole e os olhos fechados.
? A gente nem sabe onde esse rio vai deságua, pega logo!